A dança folclórica do bumba meu boi faz parte da cultura brasileira, sendo mais popular na região do Nordeste.
Esta dança surgiu no século XVIII, como uma forma de crítica à situação social dos negros e índios. O bumba-meu-boi combina elementos de comédia, drama, sátira e tragédia, tentando demonstrar a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
O resumo da história é o seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
História completa do Bumba Meu Boi
Esta é uma história de vontade.
Numa fazenda de gado do Rio São Francisco morava e trabalhava um casal de escravos: Francisco e Catirina.
Certo dia Catarina ficou grávida.
Numa noite em que a lua prateava o pasto, Catirina gemeu para o marido:
– Estou com desejo de comer língua de boi.
– Vontade de grávida é uma ordem. – Disse Francisco. – Mas os bois não são nossos, você sabe mulher!
Naquela mesma hora, não é que apareceu um boi enorme, branco e gordo?
– De quem é, de quem não é? – Perguntava Catirina.
Francisco entrou para dormir, mas Catirina foi atrás do boi. Ela tinha um olhar comprido que dava pena.
– Quem me dera comer língua de boi!… Dizia Catirina.
Francisco então saiu e matou o coitado. Cozinhou a língua e pôs fim ao desejo da mulher. Chamou depois os vizinhos e repartiu o resto:
– A pá é pro Itamá. A peitança pro seu Vilaça. Pro meu sobrinho Dodato, o costaço. Pro seu Antônil, o pernil…
Só sobraram os chifres e o rabo, que ninguém quis.
Passaram-se dias e o dono da fazenda cismou de ver o rebanho:
– Cadê o boizão, aquele que eu trouxe do Egito?
O feitor procurou pela fazenda inteira e deu a notícia:
– Sumiu.
– Sumiu? Como?
Um escravo que tinha visto Francisco fazer a repartição do boi e como não tinha ganhado nada, contou:
– Vi o Chico matando ele.
O amo caiu no choro. Era um homem feroz, mas triste.
– O meu boi Barroso que veio do Egito em caravela!…
Dava dó.
– Vou consolar o amo. – Disse Francisco, quando soube.
– Está louco? – Falou Catirina. –É melhor fugir.
Adaptado de Brasil Escola